
JÁ NÃO CANTAM OS PÁSSAROS
Data 17/12/2008 18:50:55 | Tópico: Poemas -> Desilusão
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Vislumbres raros, de alguns pássaros, escondidos no mais alto das árvores, deixam-me angustiado, pela escassez de seu canto, enquanto, cada vez mais, tento pensar, que apenas cumprem vontade, conferida pela mãe natureza.
Mas outras coisas me perturbam, ante o caminho, por mim escolhido, é que, se bem as busque, não encontro plantas, verdejando ao sol da manhã, senão galhos secos e folhas em decomposição , território vivo, de vários tipos de vermes.
Temendo répteis venenosos, desvio meu caminho e subo, para cima de umas tantas rochas, até que escuto ao longe, leve ruído de águas, e, decido-me, ir ao seu encontro, deparando-me com um pequeno riacho, cheiinho de algas, rãs e de água estagnada.
Seu cheiro nauseabundo, afasta-me de ali e comprometo-me, a escalar um monte, que se eleva à minha frente, com promessas de riquezas, onde me espera uma planície, com campos de papoilas e de malmequeres, fazendo-me acordar de vez, deste pesadelo.
Eis só pedra atrás de pedra, e, as árvores caídas, falam-me da ignorância do Homem, quando, por ali mesmo, deixaram-nas, apenas por pura fartura, dos mestres madeireiros, devastando áreas imensas de floresta, sem que, com isso, venham a perder seu sono, alta venha a noite.
Os poucos animais, vendo gradualmente, seu território desaparecer, vão-se tornando menos amistosos, e, não raras as vezes, há ataques contínuos, entre estes (defendendo-se) e o vil Homem. E, ai, quantos inocentes, não morrem, de ambos lados, sabendo todos de quem a culpa.
Aqui e ali, enfrentando todas as agruras, rosas e outras flores, recolhem-se entre pedras, ao acaso, tentando preservar-se, da espada, que paira sobre seus frágeis corpos, e, em sinal de respeito, desenho várias, memória viva e bem perpetuada, que trago para casa, beleza possível de aí se tocar.
Jorge Humberto 16/12/08
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