
O Calar das Armas
Data 24/12/2008 13:47:27 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| Hoje o silêncio parece um refúgio simpático Para a minha voz E o cansaço da batalha pulsa no meu coração cansado Como um murmúrio de corvo moribundo. A minha mão suspira sobre a espada morta E, perante a espada, eu juro Não voltar a erguer as mãos ao altíssimo céu do sonho Que paira sobre a memória do silêncio fragmentado.
Hoje, o meu peito sangra no limiar do esquecimento E o abismo abre-se sobre a minha garganta amordaçada. Juro aos deuses do oráculo perdido Que a minha pena não se voltará erguer nos gritos do anseio E que a banalidade dos ecos que me cativaram a esperança Não deixará de morrer na mordaça do meu cárcere interior. Deixo na pele os traços de um papiro ensanguentado E bailo no limiar do abismo com a morte como Superior.
Hoje, o meu grito afoga-se nas marés da pedra tumular E a lápide desertificada do que apaguei no destino Queima as fogueiras do corpo que dorme dentro de mim Como num sacrifício de esferas imoladas no altar do risco. Durmo no sudário de um manto que me ensanguenta as mãos Com o convulsionar moribundo das palavras amordaçadas E, perante a cruz onde se estende o corpo da esperança desvanecida, Juro aceitar o silêncio Como reverso do meu adeus adormecido.
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