
ENLOUQUECIDO DE AMOR
Data 01/01/2009 19:37:40 | Tópico: Poemas -> Amor
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Sem pejo algum nem descabido receio, que sempre parte dos outros, fazendo-nos passar, por pensarmos, que merecemos, muito menos, do que em verdade nos cabe, saio à rua, meio que enlouquecido, mostrando, a quem queira reparar, que, a tua saudade, me castiga: carne, nervos, sangue, meus sentimentos mais profundos, que jamais ousarei esconder, porque nunca temi, por minha humildade e verdade, qualquer rude ou maléfico mal presságio.
É pois que, enfrentando, riso e escárnio, meu ser indiferente, percorre rua atrás de rua, para, quem sabe, encontrar-te, no rosto de algum desconhecido, ou, pura e simplesmente, ao deter-me, junto a uma árvore centenária, escutando mavioso cantar, ser de tua voz o timbre conhecido, este que, a meus ouvidos, eu atento, em tamanha felicidade, e que, leva-me, senão por insano caminho, perdido em mim, para algo, bem mais atroz e violento, e, que sem ti, meu amor, deixa-me à beira da loucura.
Enquanto vagueio, absorvendo o sol quente da tarde, vejo-me a colher, algumas flores silvestres, pensando quais mais gostarás, e, aos poucos, tenho em minhas mãos, um belo ramo, juntando-se-lhe algumas chagas, de sangue vivo, ao arrepio dos mil espinhos, que apenas se defenderam, de minha sombria demanda, em território alheio, à minha pessoa, atrevendo-se, no julgar direito, de entrar por ali adentro, quebrando caule sobre caule, só para sentir um sorriso, nos teus olhos, e, por breves instantes, teu ser.
Ensanguentadas mãos, por fim, resignadas, adormecem a dor, dentro de um pequeno riacho, onde recuso pousar meus olhos, por saber-me sozinho, mas, junto a mim, do campo as flores, guardadas irão ficar, até à tua tão ansiada chegada, das fartas festas. E assim, cabisbaixo, enfrentando miles de olhares, ao coberto de sombras e de sua ingenuidade, meu peito, perfeitamente desnudo, absorvendo todos os impactos, vergonha não lhe sobreveio, por tamanha demonstração de amor… regresso a casa.
Jorge Humberto 31/12/08
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