
««Olho««
Data 02/01/2009 22:43:59 | Tópico: Poemas
| Olho a tremer, sem nada fazer Miro o sul em redor Um mal maior, em ré menor Terras cobertas de pó Entranhas de todos nós Miro o seu desfalecer
Olho o entardecer O entristecer De quem parece viver
Olho com olhos de ver Tudo à minha volta A vida torta, o campo agreste A seara que não floresce O montado que envelhece As gentes que não merecem
Olho a chorar Alentejo a mendigar A planície a soluçar Um chaparro a gatinhar E um melro a cantarolar
Uma canção triste de embalar Escrita em versos de encantar Como quem nos quer lembrar Outros tempos outras eras Os campos verdes, outras quimeras Campos de esperança na primavera
Canta melro , canta , canta Canta faz-me sonhar Que a planície é um altar Coberta de rosas bravas De uma brancura tão alva Que se estende até ao mar
Antónia Ruivo
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