faixa de gaza

Data 08/01/2009 10:47:33 | Tópico: Poemas -> Sociais

Nas janelas os vidro baços e sobre o muro de pedras derrocadas
avencas secas no súbito esgar da partida, da fuga abrupta,
de gentes levando em braços
gestos destemidos e a mansidão doirada dos figos passas,
das frutas abertas e dos trigos
- promessas vãs de solstícios de sol tardio de paz pousado
em néctares e bagos de romãs.

na pedra das casas que foram brancas
já se não escutam risos serenos de crianças …
nos pátios das escolas, ora fechadas, de igual modo, as correrias,
nem sequer as águas correm libertas, fulminando a sede, se já é extinta,
em torno de lábios frios.

vertiginosa
a trajectória da bala não escolhe o alvo
nem se queda na fresta sombria de um olhar de poema.
a praça range em silencio de espera. a tropa avança.

na cidade que não é
num qualquer espaço da faixa de Gaza
existem ainda sonhos de quem fala demoradamente com
a correnteza inversa dos peixes na maré das águas.

um dia os homens serão pássaros sem fuligem de chumbo
por sobre as asas?

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Nota: este poema foi feito com base da imagem que ilustra o mesmo poema em www.noitedemel.blogs.sapo.pt



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