Oração à chuva

Data 30/04/2007 22:03:42 | Tópico: Poemas

Cai-me água das mães
Que prostradas põem as mãos
Num pranto explicito por pães
Que os filhos não comem.

Cai-me água na cara
Em gotas grossas de chuva
Que sobra, afoga e não pára.

Entra-me água na boca,
Salgada, muita e pouca
Que me surpreende a voz oca
Numa quase afonia já rouca.

Conheço a água toda
Que cai, entra e sai,
Que está, não fica e vai
E deito-a de mim
Até secar uma oração
Vinda e ida sem religião.

Valdevinoxis



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=6652