Alento

Data 27/01/2009 18:35:20 | Tópico: Poemas

Conheço-te de algures.
Quando na soleira da minha porta,
o vento varria a poeira que havia.
Era como um chamado mudo.
Que me fazia sair pela porta
e deslizar o meu pé na superfície lisa do batente,
procurando algo que a chuva e o vento
não deixavam ficar por muito tempo...

Eu então seguia,
Observando os redemoinhos de vento
que se formavam em todo lugar descampado,
no caminho de todos os dias.
Muitas vezes quis saber o que havia no centro...
ou o que o movia. Ainda não sei...
As coisas não têm que ser compreendidas, mas sentidas.
E assim senti. No meu eu que não ouso sondar,
te reconheci como um complemento de minhas vontades,
que são tantas, que são vagas e anônimas.
Sem definição e sem nomes.
Assim te conheci e reconheci.
És minha linguagem mais abstrata
Força movente do moinho aqui dentro.
Me contento que sejas meu alento.



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