16.º de um ciclo ainda sem título

Data 31/01/2009 18:33:21 | Tópico: Poemas

Tomo posse da minha morte, tomo
posse com estas mãos que deus me deu,
mesmo que deus não haja para me as
dar, mesmo que as palavras sejam ocas,

desprovidas de luz, sejam amorfas,
mas súbito é o assombro de a deter
sob a pele, sobre a pele, como se em mim
nada mais real fosse do que a morte,

como se tudo, nado e por nascer,
se resumisse à lágrima, ao grito, ao
esgar inicial, tudo germina

como acto derradeiro, tomo posse,
assumo, desta que é a minha morte,
porque se a cumprir, cumpro-me a mim mesmo.



Xavier Zarco
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