Poema em Três Actos

Data 31/01/2009 23:41:13 | Tópico: Poemas

1º Acto


Subiu a vida inerte,
A deslizar como cobra
Em chão sujo de gente,
Gente pobre que se diverte
Com o resto que sobra
De dor que não sente.

Fecundou a terra molhada
Por chuva que segue o rosto,
Rebento feito desejo
No ventre da mulher amada,
Mãe crivada de desgosto,
Traição de simples beijo.

2º Acto


Pára e olha para a vida,
Despe-te assim, de mim,
E grita teu amor ao mundo,
Faz-te palavra sentida,
Estrada longa sem fim
Que se vê ao fundo.

Abre-me a tua mão,
Seca por chuva e vento,
Talhada por dia escuros,
Primavera com Sol de Verão
Feita a teu contento,
Por sonhos tão puros.

3º Acto


Serás passado sem futuro
Que livre me escreve em nada
Em pensamento, nas ondas do mar,
No presente que te procuro
Desta existência inacabada,
Saberei eu o que é amar!

Quebrarás as grilhetas
As grades férreas desta prisão,
Soltarás a rebelde liberdade
O odor das flores mais perfeitas
Que docemente pintam teu coração,
Falsamente se tocam de verdade.


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