Ribeiro da minha Infância

Data 02/02/2009 21:59:40 | Tópico: Prosas Poéticas


Ribeiro onde brinquei e com quem partilhei em surdina, os segredos de menina.
Elegi-te meu rio mágico e das tuas águas cristalinas surgiam as mouras encantadas, de histórias para mim reais, contadas por uma doce avó, ao serão.
Contigo corri atrás de borboletas coloridas e com grinaldas de flores das tuas verdes margens, corri atrás de sonhos.
Fui rainha e princesa do teu moinho, meu castelo, mó em movimento de magia.
Foste espelho das minhas vaidades e foste confidente dos beijos apaixonados de amores proibidos. Sorriste feliz nas juras de amor eterno e elegeste-te padrinho desse amor.
Abandonei-te em correrias loucas, deste mundo louco, sempre correndo sem chegar a lugar nenhum.
Ah!...Mas a saudade foi-me matando e regresso agora, na esperança que me reconheças.
Abraço-te, aconchego-te, meu amado fio de águas limpas; também tu tens menos pressa de chegar à foz.
Também as tuas frondosas árvores de outrora estão menos espessas e os troncos cobertos de musgo prateado, igual ao meu cabelo e tal como a minha alma, as tuas águas continuam cristalinas.
Venho dizer-te que te amo, que amo a vida e tudo o que foi para além dos nossos segredos, guardados em baús dourados que ficaram no depósito do teu leito.
Venho segredar-te que há injustiças que me fazem sofrer e pedir-te que me recebas de novo no teu leito mágico, em histórias de menina.
Quero voltar a brincar ao faz de conta, para fazer de conta que nada disto existe.

Quero voltar para ti, ribeiro da minha infância!...




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