Escorre-te em mim, como se foras rio
Data 06/05/2007 20:02:06 | Tópico: Poemas -> Amor
| Escorre-te em mim, como se foras rio, nas margens incontidas, alagadas, do meu ser. Fluí na inclinação da luz de alma liquefeita, a incendiar a voz improtelável da carne, de sensualidade imatura e imperfeita.
Escorre-te em lava, sem medo, no anseio e no tremor. Na ousadia que pressinto no rodapé da palavra. Escorre-te em mim, tal lâmina d’agua, sobre a terra sedenta do arejo na voz aguda da lavra.
Escorre-te em mim, cigarra desfalecida, formiga concisa. Percorre-me nos teus dedos húmidos de esperança. Percorre-me, na nudez pálida de um bosque rumoroso. Desliza-me o corpo a ondular, em cada vaga, em cada brisa em cada volta de mar. Na ancestral sabedoria, supérflua e transparente, de nos sabermos iguais e tão diferentes.
Esgota-te em mim, amado, convicto que sobre nós existem nuvens a ofuscar o azul virgem do nosso mar!
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