Carta para ti

Data 05/02/2009 09:26:36 | Tópico: Textos

Fez há pouco dois anos que me deixas-te. (15 de Setembro de 2006)
Como é obvio, a morte de uma mãe custa a qualquer filho. Eu não fui excepção...
Apesar de não ter crescido a teu lado, foste alguém que sempre me acompanhou. Mal ou bem, acompanhou...
Estives-te presente em todos os momentos importantes da minha vida, mas de repente foste embora, sem sequer me dares tempo de te dizer um simples “obrigado”.
Havia tanta coisa que te queria dizer. Momentos que queria partilhar e tanta coisa que te queria mostrar. Pessoas importantes para mim, que eu adorava puder te apresentar.
A Melissa já fazia parte da minha vida antes de partires, mas não chegas-te a conhecer aquela que veio a tornar-se parte de mim... A minha princesa, como carinhosamente lhe chamo.
Caramba mãe, ias adorá-la. Doce, meiga, mas também rabugenta e chata. Tal como eu...
Quero agora contar-te o meu último sonho:
Sonhei com o dia do teu aniversário. Era tudo tão real...
Ao longe eu conseguia ouvir a confusão típica de uma festa aqui de casa.
Estavam cá todos, mas procurei... procurei... procurei, e não havia sinal de ti.
Não te via em lado nenhum, mas de repente ouço a vóz da avó a dizer para eu olhar para cima...
Cima???? Mas porquê olhar para cima quando eu sabia que acima da minha cabeça havia apenas o tecto?
Nada tinha a perder, e entao olhei... Lá estavas tu... Vi-te através de uma pequena janela que estava no tecto do meu quarto. Era uma janela com uma armação de cor verde... Eu via-te a bater com as palmas das mãos na superficie do vidro, como se quisesses chamar a minha atenção.
Foi tudo tão rápido... colocas-te a tua cabeça através da janela e pude ver-te com mais detalhe. Tinhas o cabelo curto, um pouco abaixo das orelhas, e tinhas também um pequeno golpe na face. Porquê?
A minha reacção foi colocar as mãos no teu rosto... Agarrado a ti eu chorava e pedia-te desculpas... Mas desculpas pelo quê? Talvez pelas coisas erradas que fiz e da pouca atenção que te dei. Mas agora é tarde... “Quando o poço está vazio é que damos valor à água.”
Pronto! Este foi mais um dos teus aniversários, pena que só te vi pela janelinha do tecto do meu quarto. Quem me dera que ainda cá estivesses mãe...
 
Está na hora de dizer ATÉ BREVE.
OLHA POR NÓS!


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