TRANSPLANTE

Data 06/02/2009 22:52:10 | Tópico: Poemas


Por instantes pára a vida
e tudo morre em lentidão
Engrossa a seiva dos troncos
em dor de coágulos inevitáveis
Os acordes do rio abrandam
nas cordas vocais já cansadas
Esconde-se o cantar da natureza
em fuligem de nuvens imparáveis
Retraem-se as palavras do meu poema
adormecendo cancerígenas
em mares de letras inseparáveis
O sangue percorre-me as veias
já então muito saturadas
dos gritos ásperos e mudos
gritados no silêncio das noites desesperadas
Rasgo sentimentos com bisturi
na ânsia louca de os transplantar
O tempo vai correndo na sua lentidão
e eu já parca de vida
não encontro dador compatível
com tamanha força de amar.

Marta Vasil



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