Dez anos aprisionado clamando amor...
Data 07/02/2009 06:18:40 | Tópico: Poemas -> Amor
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Passo dia após dia...<br>
Fechado nesta cela...<br>
lá fora o sol clama por esperança...<br>
cá dentro vejo as trevas...<br>
bem no fundo negro...<br>
choro por não te poder abraçar...<br>
perdí o poder sentir o teu calor...<br>
dez anos vão passar...<br>
por causa da bala trespassada...<br>
em anjo tombado...<br>
num roubo arrancado a ferros...<br>
...<br>
...<br>
dez anos passaramm...<br>
irei sair...<br>
procurar-te...<br>
a tí que prometes-te me amor eterno...<br>
e uma eterna espera...<br>
numa entrega de almas...<br>
valsando numa noite de amor...<br>
...<br>
...<br>
Estou a olhar-te a sair de casa...<br>
Há dez anos não te vía...<br>
Há dez anos gritava teu nome baixinho...<br>
Todos os dias meus sonhos eram contigo...<br>
O sorriso visita-me passado tanto tempo...<br>
mas algo se passa...<br>
dez anos esperei por ti...<br>
dez anos rezei por ti...<br>
dez anos clamei por um beijo teu...<br>
Agora na minha frente...<br>
As trevas levantam morte grandiosa...<br>
Os sonhos removem-se das páginas do diário que ainda não escreví...<br>
Vejo-te beijar...<br>
Não são os meus lábios...<br>
Perco-me na dor...<br>
Perco-me neste ardor...<br>
Vejo-te sorrir...<br>
E não é no meu olhar...<br>
Promessas vãs lançadas...<br>
rasgadas tão facilmente nos teus braços...<br>
a destruição...<br>
torna-se minha guia...<br>
a morte é o meu principal mandamento...<br>
sentia-te bem junto a mim estes dez anos...<br>
em cada segundo...<br>
e agora sei...<br>
que não era junto de mim<br>
que estava o teu coração...<br>
o teu corpo...<br>
tão idolatrado por minhas mãos...<br>
agora sei-o tocado por outras mãos...<br>
sei-o moldado por outras artes...<br>
renego-me a mim mesmo...<br>
renego-me a sorte...<br>
irei seguir os sons que me assombram...<br>
eles pedem me sangue...<br>
e será o meu que lhes vou dar...<br>
e um dia quando nas noticias ouvires...<br>
ex-prisioneiro suicida-se...<br>
saberás que no manto de dor...<br>
que me ilumina o poder do pensamento...<br>
esteve a tua promessa de amor...<br>
que mais do que dez anos...<br>
condenou-me a morte...<br>
eu não irei recorrer...<br>
desta vil sentença a que me condenas-te...<br>
e no meu testamento só vou deixar uma coisa...<br>
e será a ti meu grande ex-amor...<br>
uma tulípa negra...<br>
que tu quando a receberes...<br>
saberás o significado de tão insignificante flor.<br>
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