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Data 08/02/2009 17:10:25 | Tópico: Poemas -> Sociais
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Por mais quanto tempo você vai ficar vagando nesta mesma estação? O black horse de ferro está passando Soltando fumaça pelas ventas Espalhando carvão pelos pulmões Galopando em um trilho interminável Nem a velocidade do som pode alcançá-lo E você está aí, parado, lendo seu jornal da semana passada Esperando que um milagre aconteça Seu suco de laranja já secou dentro do copo E nada mais resta além das lembranças amargas que ficaram Nem mesmo um bom-bom de licor tiraria o amargor que ficou na sua linguá Á sua frente há um túnel, onde as luzes piscam degradadamente Como pequenos vagalumes em uma caverna profunda Ouça o barulho dos trilhos que ressoam a sinfonia dos ferros Veja de longe a faisca que salta aos olhos dos curiosos Quem vem lá? De onde vem? São apenas forasteiros que passam pelas nossas vistas Enquanto você está aí parado, eles passam Fervilham como formigas em um formigueiro Enfrentam a guerra de todos os dias Batalhas perdidas, vitoriosas, solitárias, até mesmo covardes A batalha de cada um Ter pão para não morrer de fome Ter fome para não morre de pão Ter, poder, ser Então seja Seja o que quiser Mas não fique aí parado Vendo o trem passar Deixe está estação descansar de seus passos circulares Os passos que deu em volta de si mesmo Não o levaram á lugar nenhum Poderia ter dado duas voltas ao mundo E conhecido lugares maravilhosos Poderia ter conhecido muito mais gente interessante Poderia ter deixado de envelhecer Mais do que já envelheceu Não desista, ainda dá tempo Ouça o grunhir dos trilhos O black horse de ferro está passando Na sua estação Não perca esse trem Jogue fora esse jornal velho e esse copo vazio É só esticar o braço E ele parará pra você Tire o nó de sua gravata Respire fundo E boa viagem
Black horse http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1426847
Sandro Kretus
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