Casca

Data 10/02/2009 01:26:48 | Tópico: Poemas

Continuamos a tratar da casca,
Continuamos a moldar a casca,
Continuamos a remar de costas
E a provar águas quase mortas.

A viver ruas já pisadas,
A levar pedras já usadas,
Num saco meio roto,
Num saco meio morto.

Tentamos não manchar a casca
Para fazer brilhar a casca,
Tentamos não parar de costas
Tentamos não falhar respostas.

Que nunca nos vejam de fora!!
É para nós que o mundo adora
Passos de dança no chão
É para nós que os olhos olham.

Casca é o tempo que dói,
a janela fechada que estilhaça quando se olha para tras...
Vento é o que bate na cara
É só largar a casca,
Ninguém olha praa trás.

Fingimos não pensar na casca,
Tentamos perdoar a casca,
Separamos bem e mal
Quando se inspira o real
E se queima o que é vida.
Mais uma hora despida,
Onde águas não escorrem
E mágoas não morrem.

Tentamos disfarçar demónios,
Por medo, desviamos olhos
Por fuga ,apagamos fogos
Por escudos, renascemos novos
Sem rasto, esquecemos lábios
Altivos, rastejamos, sábios.
Cada vez mais fundo
No buraco do mundo.

Com força agarra-se a casca,
Que é só o que nos resta,
Que o mastro derreteu
Mas, tudo encolheu.

Quisemos testar barreiras
E construímos teias
Difíceis de romper
Aqui ficamos presos na...
Casca que é tempo que dói,
É janela fechada que estilhaça
quando se olha para trás..

Vento é o que bate na cara
É só largar a casca!!
Ninguém olha para trás!


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=70284