O homem da vida

Data 10/02/2009 20:25:02 | Tópico: Textos -> Tristeza

Jamais algum ser captou desmesuradamente a minha atenção como ele (além de ti)...
Um homem sem tecto, uma alma em vão. Uma esperança no céu e o seu sorriso no chão.
As suas rugas reflectiam fadiga, os seus dedos, medo, em seu corpo magro, vagueava o seu enorme segredo.
Dependia da força das pernas para não deixar para trás as suas maleitas, vergava o orgulho, humilhando-se pelas ruas estreitas. Aproveita o desleixo, o plástico e o papel... depois some. Guarda a moeda preta na bolsa que mais tarde lhe compra a fome. Não tem data para a vida, não tem hora para a morte. Sem nome, o seu rosto é mistério, a sua mendicidade prolongada, num olhar sério vê a vida ser apagada. Eles não te vêem e não te ouvem, eu olho para ti e vejo o que não sentem. Acorda na sua rua da amargura, larga o jornal que segura, não existe mais a dor que perdura pois o frio que o congelava, era um arrepio que por mim passava. O mendigo nunca morreu...


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