De onde vim

Data 13/02/2009 01:19:17 | Tópico: Poemas

De onde vim cair tão vivo? Que raio
Escondido me ergueu p’ra ver o mundo?
Acordei! Sinto que tive um desmaio
Ocorrido num meu sonho profundo.

Como a noite que passa, o dia desce
Sobre o espaço onde decorrem vidas.
Vibra um eco que agita o que se esquece
Dentre todas as coisas já sentidas.

A roda da vida desceu-me à Terra
E subi-la sabe a sonhar com gente.
Caminho a pé pelo sopé da serra
Pintada alta na paisagem em frente.

Liberta-me esta prisão ambulante
Por onde me deixa errar a existência.
E a presença de vontade é o implante
Que me esconde o lugar da consciência.

Aconteceu-me este sítio, este enquanto
Cá estou. Sou sol dentro de água com alma.
Vou descobrindo o que me move, o quanto
Esforço é preciso para ter calma.

Vem-me a saudade disto não ser tudo
E senti-la é uma fogueira apagada.
Há mais verdade em palavras dum mudo
Que em ver a noite inteira iluminada.

Distante palco é este do seu plano.
Está na luz que vejo o que me cega.
Suou o sino, há de cair o pano
que embrulhe em nova luz a que me chega.


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