In media res

Data 13/02/2009 13:02:51 | Tópico: Textos -> Tristeza

O relógio no cimo da torre, o olho que escorria dor, a água que encharcava a alma, o espelho da montra que personificava a minha angústia numa imagem, lembraram-me do som que desde sempre me habituei a ouvir...
A voz que vinha de longe contava-me histórias de encantar, enchia-me a voz sem se pronunciar, escrevia melodias antiquadas e dava vida ás palavras sem as usar.
A voz que oiço agora é fraca, o seu soar é vago, como hei-de a encontrar se nem a mim me trago? A total escuridão em que me deixou, roubou o pouco que restava da minha vida. Mantenho-me no chão esperando a sua vinda, quanto mais não seja eternamente.
Apago as luzes pois mesmo no escuro não deixarei de ver de forma diferente. Porque quem ama, é como quem sente... Felizmente, soube para o que vim só no fim do acontecimento, se soubesse que seria privada de alma, jamais te daria o meu consentimento! Quem me dera que estas lágrimas não soassem tão familiares, tal como desejava o momento para me odiares.
Segura a minha mão, ergue-me no escuro uma ultima vez.
Agora já não o oiço, prendo-me num pesadelo, com implacável e insensível força que me deu afastou-me de te-lo...
A sua voz nunca mais voltou, no entanto o meu coração jamais parou. Continuei a correr...


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=70646