Outro dia que Amanhece

Data 14/02/2009 02:36:36 | Tópico: Poemas

São braços, abraços estreitos,
Gente que vai e que vem,
Gente parada a ver passar.

São as imagens das viagens
De quem foi para muito longe,
De quem só sonhou um dia lá chegar.

São navegantes em terra
Com a alma a velejar,
São soldados sem guerra
Que atiram contra fantasmas,
Que não podem alcançar,
Que não vão poder matar.

Nas ruas ficam as marcas
Da coragem e do medo.
Nas sombras da madrugada,
Há quem fuja ao seu degredo
E grite a negro nas paredes.

São braços, abraços estreitos
Que se dão ou que se vendem
Nos atalhos da má sorte.

É a vida a contorcer-se
Ao sabor da multidão,
É a falta de coragem
Que mata mais do que a morte,
Mata antes de se morrer.

São navegantes rio acima
Rua abaixo sem um norte,
É gente de pouca idade
Que aprendeu cedo a saudade
Do amor e de outra sorte.

Nas ruas ficam as marcas
Do que alegra ou entristece,
O grito de quem se cala
Quando outro dia amanhece.
Outro dia que amanhece nas ruas...


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