Abulia

Data 14/02/2009 15:17:50 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Nada se move nas sendas do meu caminho,
Deserto cântico de espelhos nos fragmentos de um sentir,
Como corda de alma nua traçada em versos de cera
Sob as arcadas de um violino que plange em notas de dor.

Como deuses preguiçosos nas mãos de um fúnebre Olimpo,
Cerraram-se as janelas dos meus olhos desfalecidos
E a acção fez-se pensamento na apatia dos instantes
Que, no silêncio das eras seculares de cada momento,
Dormem na essência perdida de cada recesso meu.

E as chamas embalam a noite do meu abraço deserto,
Enroscado nos silêncios de um poema sinistrado,
Onde o cântico do exílio sussurra versos de nada
E, no grito da renúncia plantada na minha imagem,
As eras do meu destino transparecem na ilusão,
Como um lamento nas trevas da armadura abandonada
Pela palavra de ninguém.



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