
Um outro fingidor
Data 16/02/2009 14:16:20 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Não sou apenas eu que me mascaro. São infinitos aqueles que apenas fingem. Não só apenas escondemos a cara, Mas sim fingimos uma vida inteira. Não que se goste da falsidade e da hipocrisia Nem que se desgoste da sinceridade e da verdade Mas é a liberdade o que mais se presa.
Dizendo a verdade, Quantas vezes se é feito de bobo. Enquanto que mentindo a própria vida, Cria-se uma cara feita para apanhar, Pois que a verdadeira nunca se dá para bater.
Cria-se dos eus, assim, O eu para os outros, Acumulado de dons sociáveis, É este o eu da conversa e da civilidade, Que cumprimenta, que agradece e que perdoa. Por trás deste, contudo, há o outro, Mesquinho, egoísta, nocivo, O eu mesmo, o eu das segundas intenções, Que não filantropia, nem sociabiliza, Que finge sentimentos vários, E como quer molda o eu que é para os outros.
Há mitos e heróis e santos, Mas há também loucos E uns são os outros. Pois que do mito, do herói, do santo, É visto o eu que é para ser visto, Pois que do eu submerso não se entende a lógica, E dos loucos, vê-se o que não deveria. Pois que não loucos, e sim encobertos, São eles eus profundos que se desmascaram. Poema de meus 18 anos, quando comecei a ler Fernando Pessoa, o que muito me ajudou a encontrar palavras para me expressar.
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