
Reencontrando-me!
Data 25/02/2009 00:33:29 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Uma vez mais me encontro deambulando de pensamento em pensamento Perco o amor ao mundo, amo os outros, é o meu tormento A cada dia que passa, assimilo o que é estranho Acedo, agarro os outros e neles me entranho Porque a língua é fugaz nas suas doutas rimas Perco-me nos desejos, chamo-lhes meninas Sobrevoo eu também as florestas e as planícies, os vales e as montanhas E quando me provocas, me seduzes, e me assanhas O paradoxo racional eleva o desejo Pois a carne é o meu ensejo E se me reencontrar é a luz divina observar É o encontro interior É o verdadeiro amor É a felicidade poder contemplar É a verdadeira iniciação Quando observo os teus olhos azuis De um cabelo ondulado que me adora No meu ego, e quando fluis No espírito que constituo, na alma que aqui perdura Mas que amolece com a ternura, a doçura Da caridade, da afável mocidade Encontrar a criança que deixei de ser, que se perdeu O ente, que através do espaço-tempo morreu Quem são os deuses? Quem sou eu? São os do Olimpo? Os de Roma? Fui quem perdeu O rumo à vida, o rumo ao caminho da purificação Que és tu? Florbela ou bela flor? Que rima com dor e amor. Sou aquele que atravessa o mundo até ao infinito, Que percorre as galáxias do espaço e aqui cito As frases de doutos poetas, de homens da ciência e cultura Pois Florbela, a luz loura dos teus cabelos Que se perdem ao vento e só de vê-los Não sei o que sinto ou pressinto Se me mova ou me demova Pois a mente mente e quando minto Nego a minha existência A doce procura, percorro os caminhos divinos, a persistência Em me encontrar é dolorosa, custa atravessar o voo celestial Que preconizas em teus versos Que de amor estão imersos Que da fugaz e temperada caminhada que percorremos Dos desejos, que os loucos homens como eu se esquivam Pois por vezes canso-me, perco-me, despisto-me nos caminhos da alma e da carne Mas quando vejo as doces mulheres que me activam Sentimentos paradoxais, de amor e ódio, de desequilibro, do gozo que arde Percorro as estradas do mundo, as rotas infindáveis da loucura E não me encontro no que está perto, cerca lonjura E se os efémeros fragmentos desta vida fugaz Na qual me torno mero espectador Aquele acutilante que espeta a dor E não encontro paz, nem razão às discriminações linguísticas Das escravas e das eslavas Dos bárbaros severos Dos vândalos e de Neros Dos semíticos interesseiros Daqueles que emprestam a ladrilhadores, consumistas, padeiros Dos suínos e dos Suevos Daqueles que dizem que fazem judiarias Não suporto as discriminações, nem anti-semitismos, nem ódio aos outros que no entanto me odeiam E do lixo, que será? Quem serão? Da cruz se elevarão? Pois porquê a chave, o chaveiro e o chão? Não são a cave, o coveiro e o cão? Guerras lingüísticas, das tremas que se elevam Da simplicidade da língua semita e latina Pois minha deusa, minha dócil menina Dos versos que eu em ti li Naqueles em que te reencontravas, E que planetas sobrevoavas? Quero ir ao fim do Universo Quero alcançar o infinito E por vezes o longe é aquilo que fisicamente está perto E se o Homem vai ao espaço e á lua E nem sequer conhece por vezes a sua Génese interior Fugaz e do ímpeto? Não. Apenas do verdadeiro amor. E os caminhos que descubro na minha génese São dolorosos, são angustiantes, Ardentes e desesperantes Mas vejo eu também as florestas verdejantes Os desertos vastos e reluzentes Vejo os belos e cristalinos oceanos As águas límpidas e mornas Vejo os belos cumes, as montanhas que de um amor divino se enchem de neve As belas faces, de mulheres, homens e crianças, Que se regozijam com as planícies e com os momentos da vida banais E com tantas outras coisas e muito mais Vejo o mundo redondo, suave a não cortante Sonho e vejo-me a mim como ser pensante Sou aquele que da incerteza Venera a tua pura beleza Serei sempre aquele que nas calmas gôndolas Aprecia as rias de Veneza Vê a magia do mundo e do céu azul Vejo o Euro, o Bóreas, o Zéfiro e o Sul Sou aquele que ama o mundo Sou aquele que através da mágoa, do amor, do desejo e da dádiva Se oferece ao Eu Profundo. ____
João Filipe Pimentel
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