
Quando a vergonha sai á rua
Data 25/02/2009 00:35:43 | Tópico: Poemas
| No dia em que a vergonha saiu á rua Nos passos da mentira a galope do nojo Apedrejaram o povo, cuspiram-lhe no orgulho Fizeram da sua pele mala de estojo
Qual animal acossado o povo calou Amordaçou a revolta, cortou as asas Á palavra da liberdade, aplaudiu a mentira Aniquilou o poema em rimas arrasadas
A gaivota mais não voa, nem a vinda Da andorinha prenuncia a primavera Espetam-lhe as esporas sangrentas No flanco ardente em dor sincera
Viraram as costas á esperança Á doce palavra das lembranças E nesse poema de rimas arrasadas Puseram-na a rimar com desgraças
Mais uma vez apelam á triste sorte Nas rezas em volta do santuário De branco pintado, de vergonha O cobriram com o ouro imaginário
Sempre que a vergonha sai á rua Apelam ao povo e cantam o triste Fado repetido e revivido mil vezes A um povo que assim já não resiste
Não sabem os tolos a tua sabedoria Que és paciente nessa eterna espera Que por morrer a errante andorinha Não acaba nunca a primavera
Que em vez da vergonha A revolta sairá de novo á rua E que nessa rusga o teu grito É o teu orgulho que se perpetua
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