Amor vulgar

Data 01/03/2009 01:12:51 | Tópico: Poemas -> Góticos

Aquela que magoa e tanto inflama,
Nenhuma dor mais precisa e contundente,
No mártir o sangue afrouxa-se da ferida e clama
Pelo ódio que rejuvenesce o santo.

O fraco apenas o amor declama,
Cego o tumor alcança a alma em quebranto,
No porvir inseguro da flecha clichê e do dogma a espada na chama
Corta-lhe a cabeça,cabelos na cesta e dolentes lamúrias.

A mulher espera e observa,
Da janela o mutilado estúpido contempla,
Na palavra que escapa ao lábio apenas o acaso resguarda
O estupro e a morte,toda infinita lágrima,resquício de sabedoria.

Amar é a benção,cuspe invertido do messias,
Esparramado no cerúleo paraíso acima da retina,vítreo orgasmo,
A paixão fere o derradeiro esforço do divinal herege,
Tece a redenção própria do segredo decomposto no crucificado ressurrecto.

Uma prostituta solitária doente.





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