Rasgo-me em palavras

Data 10/05/2007 16:10:24 | Tópico: Prosas Poéticas

Enquanto o céu se abre escuta-me amor, resta-me um momento para te mostrar tudo o que sinto, tenho a correr nas veias o sangue gelado que faz o meu coração bater descontrolado e carrego em mim tanta àgua salgada resultado de anos de lágrimas choradas por mim.
Resta-me um momento, um só momento para parar de uma vez esta frenética febre de sentir, dizer-te então com o rosto cravado pelo cansaço, as mãos que nunca demos, os beijos que não trocamos, dizer-tos todos tão intensamente que te cortariam o horizonte e te matariam o presente tal balas descontroladas que a arma dispara em todas as direcções durante este momento, um só momento é o que me resta antes que me volte para o nada e desesperadamente me atire contra os rochedos da solidão.
É sangue o que vês, sangue de tantas feridas, foste tu que mas causaste com as tuas idas e vindas, com todas as esperas que provocaste, como esta espera eterna que me castiga.
Cheira a jasmim no ar, já dobram os sinos e antes que o meu corpo caia morto sobre este chão dos vivos que já não sinto deixa-me dizer-te uma palavra, deveria ter sido dita enquanto ainda me restavam forças para te tomar nos braços e te enlaçar a alma, segredar-te-ei ao ouvido sempre que me recordares a face onde os segredos se resguardam ainda...
Pois digo hoje já que nada mais resta, gritarei ao vácuo nesta minha pequenez: Amo-te!


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