Amor selvagem

Data 04/03/2009 18:57:17 | Tópico: Poemas -> Amor

A água gelada nos pés, a correr, a correr, suave e fresca, pelas palavras que não consigo gritar.
Borboletas azuis, de um azul eléctrico (mais bonito que o da moda)...

O cheiro da erva amansada.
O Sol que me descobre lentamente e pára no meu olhar triste de lágrimas escondidas.
O vento agreste da montanha que as minhas mãos tentam segurar para eu subir, subir até aos olhares azuis, verdes, de qualquer cor...

Porque eu meti os dedos nos corações das árvores e elas despertam inquietas e húmidas de sangue estival do sono quente das lágrimas que eu ainda choro quando penso em ti: longe, tão longe quanto a mais infinita distância (daqui-aí)!

Mas há olhos infantis, azuis, negros, verdes, e castanhos (de tão infantis) que me fitam e me amam porque eu ainda sei o caminho que leva até às crianças (gorduchas, de cara suja, terra nas mãos e muita ternura nas palavras de lábios cantantes e frescos).

Depois há ainda o meu corpo dividido entre o mar e o fogo, entre o medo e a aventura, entre o céu e eu!

Caminho pela ternura que me engole os passos e me chama ternamente pelo nome (que eu não tenho).

O perfume dos espelhos espalhou-se pelas meninas e meninos que me acompanham (de peles tisnada pelo Sol e cabelos louros e negros de tanto amor).

A musica solta-se pelas chaminés e a neve (que aprendeu a cair no deserto) vem até mim, mais branca e mais fria do que nunca, tentando apagar o fogo dos meus lábios, a chama das minhas lágrimas e fazendo com o vento, uma coroa de cristais para os meus cabelos, agora, mais selvagens do que nunca!


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=72979