Mundança
Data 05/03/2009 15:41:22 | Tópico: Prosas Poéticas
| A folha ainda está branca É o princípio desta vida Fantasia inequívoca Tudo muda no mundo Mudo em dança o mundado.
Inventam dúvidas caducas Neste templo de asas livres e claras como água E sempre me aturdiu perguntar-me se a vida valia a pena Era-me como uma traição infantil questionar-me.
Ai intensa paixão Decantada na inocência da intimidade Laços com que nos enlaçamos Olhares desgrenhados na meialuz da lascívia Hálito sutil do horizonte vespertino Enfunando as velas largas dos sentimentais Cotovias e picapaus cinzentos cantarolam Pau no ganho da suprema verdade de Miles Davis!
Ai glória moderna Afogando a faunaflora em cornetas elétricas Mastigando tudo com mandíbulas de gruve violento Meus pés humanos loucos rogando por fumaça violeta Rouquidão trespassada da alegria dum amor infinito.
Olho pras palmas de minhas mãos absorto Linhas ingênuas descrentes descrevem hábitos facínoras Em simbiose com tudo e nada Quero o peso da ânsia avassaladora Desdobrado na angústia da cumplicidade Escolhas que nos escolhem A vida é o estrondo.
Bem já me esqueço do que dizia E em devaneios reencontro a alvorada do pórtico agora.
Alva eterna reluzência pórtica do agora inefável Reencontro-te sempre como um filho meu Como um filho que gerei sem nunca saber E que de repente bate à minha porta Vem-me dizer que sua mãe morrera E que este pai desconhecido é tudo que lhe resta Só que este filho Ai filho meu Sou eu Marmanjo datando quarto de século.
Mas tudo bem hei de dizer Antes tarde que nunca!
Dou-me oi Olá eu mesmo Sou múltiplos Ai cilada escabrosa Sou todos Sou tú leitor inesperado!
E tanta cultura humana aglomerada Este zeitgeist ianque da mitologia dos direitos civis Pondo em venda no mesmo camelô budas e cristinhos Quanta religião ainda animando disposições sionistas E no coreto pagão de minha pracinha Uns doidões batucam djembes djiridus gaitas e cabaças.
E me lembro da musa amada Musa que não sei quem é E que são tantas em mim Ah mulher Ah santa safada tímida e destemida Mulher úmida e cadente Salsaricando sumo acredoce do perdão Testando fertilidades em pompoarismos desencapados Ah mulher faladora Que quando cala faz todos tristes preocupados.
Tenho sede Estou ao deserto Saára nublado de minha ganância.
Tenho o ouvido direito ferido Pelo sônico furor de minha folia E talvez a intuição demasiado relegada Busco novamente o instante presente E sou mil borboletas brotando dos casulos Sou cipó etéreo verde esgazeando vitalidade em odes rebuscadas O azul claro cintilante das boas lembranças O calor duma fogueira ímpia clamando sacrifício de virgens Amor solar Escondido sob a fina camada da superfície Ascese honesta e destemida Sou um cão saído do mar sacudindo todas as juntas pra me secar.
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