Poema efémero

Data 12/03/2009 22:03:07 | Tópico: Poemas -> Reflexão

É com alguma relutância
Que agora escrevo.
A poesia perdeu o relevo
Que um dia teve.

Como um poeta no Outono,
O poema cai seco e morto no chão,
Pousa levemente no alcatrão
E vive para sempre um justo sono.

O poema não é eterno.
Mesmo que o amor o seja,
Ou pensemos que assim seja,
O poema morre no Inverno.

O poeta vive na Primavera
E renasce a folha outrora
Inanimada e desanimada
Após uma história mal amada.

No Verão amadurece,
O seu corpo estremece
Em banhos de sol e de mar,
Na breve ilusão de saber amar.

Hoje é Inverno.
O meu poema morreu.
Ficou seco numa estrada,
E morreu feliz por saber
Que o sentimento ficou.


Janeiro 2009



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