
Esperei-te
Data 18/03/2009 11:36:54 | Tópico: Poemas -> Amor
| Esperei por ti embrenhado no quebranto do tempo, num sortilégio de horas volvidas de ausência, intermitentes medonhos martírios num medo que não viesses. Embalde... numa escuna de amor endereçei a vontade de viver à afeição da fantasia, e sonhei-te a voz na espessura dos sentimentos, invento a tez dos ímpetos, desvendo-me o inconstante e as feições da saudade, procuro no despeito das feridas abertas o dia novo, tu ... que eras a filigrama da minha emoção. Esperei-te à porta de cada dia seguinte, com a fé ainda húmida de forças num cenário pintado de sorrisos fugitivos, dançarinos como as imagens da memória... esperei o abraço dos teus olhos em rodopios de paixão e passado.
Vieste um dia na intimidade, tinhas a expressão do delírio e um sol de alecrim correndo o corpo. Sumptuosa, a sedução ungiu-nos num espasso de néctar, de novo mimamos os olhos com os nus carinhos, diluídos no sublime e no movimento dos instantes. Foste breve na estadia e num esgar de luz devolveste-te ao longínquo. Ias como um barco que perdeu os remos e que ao ver-se débil nas zangas do destino, cisma em hibernar...
Esperei-te enfim no fémur das horas sonâmbulas, na verdade do pensador. Pelo enternecimento, meu amor os desejos lacram a carne por dentro, os mesmos que a boca maquilha disfarces... Esperei e vou esperar mais ainda porque eu amo-te sem cautelas, sem peias nem desânimo, em todas as loucas angústias até ao fim de mim.
|
|