Sopro de Esperança

Data 20/03/2009 00:26:33 | Tópico: Textos

Sopro de Esperança


Gostaria de trazer aqui um tema que me aflige: a Toxicodependência. Esse enorme flagelo do nosso tempo, que penso que de uma maneira mais ou menos directa a todos toca. Drama que destrói o equilíbrio psíquico e económico de um sem número de famílias.
Apesar de criados com todo carinho e amor, atentos a todas as suas necessidades, muitas vezes e por razões que absolutamente nos escapam, os filhos fogem ao nosso controlo. Penso que na maioria dos casos o problema está já instalado quando dele damos conta, o que significa que o mesmo deve merecer a nossa atenção desde o começo da adolescência, nomeadamente no que respeita a companhias. Alias residirá ai (nas companhias) o fulcro da questão. Tarefa difícil, espinhosa sem dúvida e de que ninguém garante o sucesso. Lidar com um adito é travar uma batalha constante, difícil, diz-mo a minha própria amarga experiência. Na luta pela sua dose diária sem lucidez para avaliar a pessoa em que se tornaram, princípios de honestidade, de moral, sentimentos de respeito e carinho pelos seus, deixam de estar presentes no seu comportamento. A manipulação é a arma que começa a tornar-se mais evidente e que vão usando gradualmente desde a pessoa mais próxima até ao vagamente conhecido, atitude que exige perspicácia e toda a atenção por parte dos eventuais lesados, a quem não resta senão a negação gradual e a não satisfação determinada das suas pretensões.
A conclusão final a que chego é que também nesta matéria há um limite a partir do qual já não me cabe a mim, (a nós que nos confrontamos com o problema) encontrar a resolução para o mesmo. Essa, de uma vez por todas, passa a residir na força de vontade do próprio, na decisiva e fundamental opção de quererem ou não viver. É doloroso para nós que assim seja, sentirmo-nos impotentes. Mas o problema passa a ser exclusivamente deles, nomeadamente através da aceitação do processo de cura, que concretamente passa por o internamento. É com uma dor infinita que assisto à destruição gradual de alguém que afinal faz parte da minha pessoa por quem fiz todos os sacrifícios e a quem naturalmente quero o melhor que há no mundo.
Não pretendo que estas minhas palavras sejam tidas como um lamento, mas como uma mensagem capaz de dizer a muitos que não estão sós, e, apesar de tudo levar consigo um sopro de esperança.

Olema



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