prostituta de mim, prostituida pela palavra

Data 31/03/2009 14:51:54 | Tópico: Duetos

Com Betha M. Costa
A palavra toma-me por louco
Na frase o grito rouco,
E não sei que mais lhe diga
Deixa minha boca aflita
Obedeço-lhe aos caprichos
Tudo que eu calo é pouco
A essa louca prostituída
Ante a verdade proscrita

Chupa-me o sangue, rói-me as veias
Bebem-me vinho tinto as letras
Morde-me a alma castiga-me o corpo
Lavam-me o corpo e maceram a alma
Canta-me em poesia, deleita-me na prosa
Cortam-me em penas da mão a palma
Enrola-me no enlevo do seu doce sopro
Setas de amores que em mim penetras

Toma-me no corpo, vendaval de paixões
Arrastam-me palavras cheias de emoções
Assassina-me a vontade em seus braços
Elevam-me acima das nuvem do céu
Roça-me húmida no deambular das emoções
Caem dos olhos em tempestades e trovões
Mil, como mil são seus regaços.
E dentro no peito fazem escarcéu

Corre-me nas veias liquefeita
A loucura dessa vida imperfeita
Umas vezes torpe outras sôfrega
Beija de poemas minha pele
Munida de punhal ou de penas travestida
A matéria de que eu sou feita
Mas nunca a palavra me saiu trôpega
A utopia e ao prazer me impele.




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