Cálice (31/03/1964 Um dia para o Brasil nunca esquecer)
Data 31/03/2009 15:49:55 | Tópico: Mensagens -> Desabafo
Dia 31 de março de 1964 A noite morta, pútrida, assustadora, antes do coma 'induzido'. As pessoas nas ruas, unidas para algo que não tinha sentido. Limpeza étnico-política, o gosto de sangue nas ruas das cidades. Descendo como cometas, os cacetetes em nossas cabeças...
Nossos filhos, irmãos, mulheres, pais, expulsos de sua pátria. Pensadores, proibidos de respirar, pela fumaça dos gases lacrimogêneos. Crianças, que cresceram com dupla personalidades... Sombras de algo plantado à força, por ternos e gravatas, tingidos de sofrimento...
Os brindes das taças de cristal, com vinho feito de lágrimas. A trilha sonora, composta por tiros, correria, gritos e agonia. Risos de homens com medalhas polidas, mas a que custo? De pessoas que foram forçadas a polí-las. 'Faça isso ou você morre'.
A pomba branca teve a asa amputada. De branca, virou cinza, restos de uma noite antes do furacão. 45 anos. Uma lembrança que atordoa, que ainda causa medo. Nunca esqueçamos, o que fomos. Rezemos sempre para que isso não se repita.
Autor: Um amigo meu do orkut Falso Anjo Lain.
O Nosso Hino da resistência - Cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue...
Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca resta o peito Silêncio na cidade, não se escuta De que me vale, ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade, menos morta Tanta mentira, tanta força bruta...
Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue...
Como é difícil, acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar, um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada, pra qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa...
Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue...
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!) De muito usada, a faca já não corta Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!) Essa palavra presa na garganta Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito resta a cuca Dos bêbados, do centro da cidade...
Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue...
Talvez o mundo não seja pequeno (Cálice!) Nem seja a vida um fato consumado (Cálice!) Quero inventar, o meu próprio pecado (Cálice!) Quero morrer, do meu próprio veneno (Pai! Cálice!) Quero perder de vez tua cabeça (Cálice!) Minha cabeça perder teu juízo (Cálice!) Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cálice!) Me embriagar até que alguém me esqueça (Cálice!)