Analfabeto Coração

Data 02/04/2009 14:59:38 | Tópico: Poemas

Creia, amado, que enquanto escrevo
São tuas as palavras que me faltam
E se a caneta diz o que não devo
Calo fonemas que a mim maltratam.

Em mil poemas me fiz tua amante:
Quanta vogal beijei! Quanta consoante!
Quantos (pro)nomes te dei, e a mim?
Mal rabiscaste o esboço do fim.

Quanta interjeição na linguagem
Quando eu quis idolatrar tua imagem
E fazer-te termo da minha oração!

Quanta poesia perdeu-se nos lixos,
( lírico amor pr’analfabeto coração )
Melhor seria ter escrito aos bichos.



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