Ao rubro de papoilas vermelhas Por esses campos afora Parecem enxames de abelhas Lembrando que a terra chora
Vazam-me os olhos de águas O campo está moribundo Ai Alentejo profundo Restolho raso de magoas Triste vão as nossas vidas Restam as terras cansadas Tristemente abandonadas Viraste quarteira de gado Soberanamente engalanado Ao rubro de papoilas vermelhas
Alentejo minha amora Pedaço de terra encantada Tola mente esvaziada Retalhos de alma que chora Que te beija hora a hora Mais aqui mais acolá Tudo está ao Deus dará Tanto pedra tanta moita Tanta gente que te açoita Por esses campos afora
Longe vão tuas conquistas A era da fraternidade A terra da igualdade Será que te restaram algumas Dessas crenças encantadas Dessas utopias luzentes Tua gente está descrente O teu povo está dorido Desacreditou no fado corrido Parecem enxames de abelhas
Viram costas vão embora Procurar a melhor sorte Voltam depois com a morte Descasam na terra que implora Pelo calor do seu corpo, agora Nada resta está morto Alentejano filho devoto Guardador de gado ao relento Resta-me soltar versos no vento Lembrando que a terra chora