
Clarice
Data 13/04/2009 02:26:06 | Tópico: Poemas -> Amor
| Nas calçadas a lama acumula-se,palpita nos passos arriscados. Nas fendas do abandono sorve o calor sujo do sol morrendo. Plúmbea lágrima na intocada torre. Crianças desenvoltas em risadas que suportam a pobreza Estampada em belos olhos azuis apagados.
Um cortesã fuma ao meu lado,alta e magra,flavos cachos na tez lívida. O nublado alvor de seus lábios convida fumaça e fúria. Observa ao longe mirando a frente. Acendo o meu e de esguelha atrevo-me a contemplar os seios pequenos. Mamilos que despontam como em cárcere que vislumbra Onde o tecido amarelo não permite mais que confortável abraço protetor. Quase adolescentes em madura mulher.
Casas de azulejos portugueses,portões de campos e coletivos massacres. Defeca na rua o insano enquanto arrasa o muro partido,mas distante,junto aos viciados trópregos. Bicicletas e estudantes voltam,infantes de cores diversas. A dama entabula prosaica conversa mas não presto atenção. Pernas bem feitas ainda que manchas insistam por prematuro vício. Pés delicados de Venus imortal.
Nos olhos concentro a sintonia de dois tristes nostálgicos. Jovens perdidos na lembrança do jamais sonhado ou vivido Encontrando o aguardado carinho na chuva que desaba,atinge bruta a janela. Cala a criança,cerra a porta,ceifa o mendigo e a merda. Viola esplendor solar,claridade diáfana cinza. Entramos,tímido a sigo.
Na cama quente o afago sincero e o cigarro pendente Nos corpos unidos,no desejo a confissão ardente,do já conhecido anelo pueril,espontaneo e profundo. Espreitando o acaso de uma palavra. A esperança,satisfeita não apenas pelo gozo pulcro,indomito frêmito. Acima do altar em modesto recanto,acreditar novamente, Usufruir da afeição que apenas os calmos decadentes Ofertam em mútua necessidade sagrada,atenção e sexo na tarde nublada. Sorriem as crianças.
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