 
  
    	A Torpe Sociedade onde Nasci 
    	Data 14/04/2009 08:31:01 | Tópico: Poemas
 
  |  I 
  Ao ver um garotito esfarrapado  Brincando numa rua da cidade,  Senti a nostalgia do passado,  Pensando que já fui daquela idade. 
  II 
  Que feliz eu era então e que alegria...  Que loucura a brincar, santo delírio!...  Embora fosse mártir, não sabia  Que o mundo me criava p'ra o martírio! 
  III 
  Já quando um homenzinho, é que senti  O dilema terrível que me impôs  A torpe sociedade onde nasci:  — De ser vítima humilde ou ser algoz... 
  IV 
  E agora é o acaso quem me guia.  Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,  Sou tudo: mas não sou o que seria  Se o mundo fosse bom — como não é! 
  V 
  Tuberculoso!... Mas que triste sorte!  Podia suicidar-me, mas não quero  Que o mundo diga que me desespero  E que me mato por ter medo à morte... 
  António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo"
 
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