O RIO

Data 15/04/2009 15:46:29 | Tópico: Poemas

Qual fruta saborosa em cuja carne doce e macia a linfa desejada corre, a montanha que venero, sem perecer nesta vida, doa-me sua essência líquida, clara, imprescindível...
Água sem tintura que corre em seu seio quente e que vence todas as misérias do tempo para enriquecer meu nome, tornar-me fecunda, mãe de dores e de contentamentos que sempre renascerão.
Um rio que guarda consigo caracteres ilimitados, singulares efeitos do que é vida e força; desperta e adormece em semelhante escuridão, impregnado de coragem e fé - células solitárias que dão a toda sede um fim.
Que abranda graves temores em caminhos escaldantes, que corrompe perdas, que devora insônias, que perfura o íntimo que todo mal.
Caudaloso e feroz, não se abastece em precárias estações, ambiciona entornar-se, com o encantamento que carrega, em grande mar salgado de lágrimas; para ser, qual fruta madura, consumido sob sombra tranqüila, morno ainda.




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