| Teu olhar, segundo a vidaÉ linha calma de horizonte,
 Puro em ti, tão querida,
 Como a água de cada fonte.
 
 Agastado pelos horizontes,
 Em pôr-do-Sol estival
 Respira o vento, levemente,
 Pintando serras e montes
 Numa linha magistral,
 Para toda esta gente.
 
 
 Teu olhar, segundo a vidaÉ hora certa em cada luar,
 Sombra na noite escondida
 Que enfeitiça e faz amar.
 
 Sincero na lágrima que chora,
 De onde rouba o meu sorriso
 Em contrabandos de criança,
 Na flor que semeia e desflora
 De mão aberta em ar de aviso
 Por ainda prender a esperança.
 
 
 Teu olhar, segundo a vidaÉ vulcão que explode no peito,
 Mulher que um dia decidida
 Se abeirou de meu leito.
 
 Quente por ser sempre teu
 De linhas finas, delicadas,
 Cores do campo, cheiros,
 Que invejam as estrelas no céu,
 As nuvens vermelhas, rasgadas?
 Dois faróis, sem faroleiros.
 
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