Deixa-me descer ao teu porão, Não quero mais ser âncora, Quero flutuar Pelo mar bravio do teu corpo E afundar-me no precipício da tua intimidade. Rasgar-te o ventre Como quilha contra a maré, Enfunar as velas em contra ciclo Do vento norte. Tomar tua boca como gomo de citrino Que refresca e sara as feridas Da longa viajem, Saciar em teus seios a sede de água doce Do teu corpo que ondula a cada vaga do desejo Que nos assola. No teu ventre procuro a noite De águas plácidas em calmaria, Lua ao largo em reflexos de prata Que se estendem pelas praias de areia Quente do meu corpo. Quando entro no teu porão Em vagas ondulantes, Sou pirata do teu mar, Corsário destemido Em busca de abrigo da longa jornada Desse mar sem fim, Cabo das tormentas Que vira Boa-Esperança, No reencontro cálido Do Atlântico com o Indico, Do Pacifico quente na dobra da patagónia Ao encontro do frio do pólo. Suavizamos as marés nesse encontro, Celebramos cada reencontro Em investidas ondulantes Que bebemos nos lábios, Regatos de amor que alimentam oceanos. Sabe-me a oceano o teu porão salgado, Sabe-me a infinito a quilha da tua vontade.
|