O AMOR

Data 17/04/2009 21:03:03 | Tópico: Poemas

O amor é um impulso
é uma causa desmotivada e incompreensível
é o lançamento de um míssil em céu despoluído
é a bala perdida que acha o coração de um imbecil.
O amor teima em ser sábio
diz que é virtude
enuvia a verdade
se nutre da vaidade
vai aos glaciares
finge-se jovial,
desmascara o desejo
consome o desespero
corre pelos labirintos
se oculta nas dobras da criatividade
deturpando a liberdade.

O amor aborrece aos decididos
causda insônia aos intelectuais
pra driblar os experts
ele causa estardalhaço
se mascara da bondade
queima, inflama
desequilibra na partida
faz a vinda ser a ida
infla e ameaça a ternura
cria um término sem final
é egoísta, egocêntrico
sorrateiro, visceral.

É tirano, corrosivo
incompleto
mediano
é lascivo, pornográfico
fétido e leviano.
O amor é intruso
corajoso, temeroso
intrépido, impiedoso
faz o espírito onipotente
pode explicitar na mente
conjurar o inocente
acolher o indecente
repelir o transigente.
O amor ensandece
pode até enobrecer
poluir e corromper
curar e deixar doer
acolher e espantar
doer sem deixar curar
o amor é que endoidece
faz crescer, tomar poder
falar e esclarecer
emudecer e expressar.

O mesmo amor que translada
por águas turvas e revoltas
pode muito remeter
aos porões da caridade
Ser covarde, sujo e inerte
causar furor e ansiedade.

JOEL DE SÁ
17/04/2009.


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