Palavras usadas

Data 17/04/2009 22:46:51 | Tópico: Poemas

Corrompe-me uma ira quotidiana
Por não ter inventado as palavras de que gosto,
Aquelas que, de lidas, amei por lindas.
Encastro-as nas frases, ferido de poesia leviana
Que não existe ainda mas forma-se... é, por enquanto, só mosto,
Amalgama incompleta de letras desavindas
Em correria desenfreada entre a língua e os dentes
Como se em flagelação dos seus corpos indolentes.

Não me arrependo de ser assim,
Só me arrependo de não ser de outra forma
Com todas as quinas limadas ou ausentes, suaves...
Paciência. Continua-me o palavrear em fernesim,
Como se de extensão minha, a ira fosse norma,
Como se fosse o prolongamento mais livre das aves
Agarrado aos meus momentos mais fechados
Que se abrem em todos os filhos recriados.

Valdevinoxis





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