A vizinha do 2º esquerdo frente

Data 28/04/2009 23:39:21 | Tópico: Poemas


Ai, que me dá o fanico
Já não tenho para onde me virar
Nesta morada remelosa
Que encontrei para morar

Ai triste vida a minha
Ouvir o canto do periquito
Preso assim na gaiola
Som estridente de apito

Ai a triste sina da vizinha
Com ataques de caspa
Assim repentinos sem avisar
Usasse ela da laranja a raspa

Ai o casal do quinto esquerdo
Toda a noite a matraquear
Ai que inferno que inveja
Deles sempre mal vou falar

Ai o cão do rés-do-chão
Que me molha o tapete
Vem escolher a minha entrada
É preciso ter topete

Ai que simpática a nova vizinha
Chegou e já gabou as roseiras
Vai ser minha amiga de certeza
Essa não me vai dar canseiras

Como o distinto vizinho de cima
Já me trata por amiga e tudo
Debica-me beijinhos na bochecha
Com ele nunca houve Entrudo

Não é como aquele mal emparelhado
Que me critica a cor das cortinas
Fique o senhor a saber
Que são antigas mas muito finas

E agora deixem-me ir ali
Que vou à menina da retrosaria
Comprar agulhas de croché
Para os naprons que faço de dia

À noite gosto mais de bordar
Com bastidor redondo e esticado
Que cá comigo, meus meninos
É sempre tudo bem emparelhado




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=80551