
Coisas de mais uma voz
Data 01/05/2009 22:43:11 | Tópico: Textos
| A solidão é uma arma de cano fumegante por cão irrequieto. A bala sai fácil e atravessa o vazio enquanto morre por te conhecer. A solidão é um silêncio tão fechado como um livro que não se abre, como um livro feito de papel que voltou a ser tronco. A solidão dorme na voz de todas as bocas que já são mudas, damas casadoiras de palavra cruel e encruada. Repete-se o fatalismo num ciclo inquebrável de ser e deixar de ser. Repete-se, sem alternativa, que a solidão é uma arma com uma bala morta por te conhecer. A melodia é triste e feita de mais hiatos do que notas ou acordes. Isola as palavras com força, manieta-as à força e desnorteia-as por força de sós. Ficam sós. A solidão silencia. A solidão é uma arma sem gatilho a disparar ao pensamento que roda em paranóia, numa ciranda quase paródia... que mata. Mas, no fim, a solidão é confortável. Adama-se de lâmina que corta como uma lágrima morna.
Valdevinoxis
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