
Mãe para sempre
Data 03/05/2009 22:39:56 | Tópico: Poemas
| 8 de Março
Mãe continua comigo
o cansaço toca-me os ombros pesa-me o corpo fecham-se as pálpebras numa tentativa de paz.
Olha, refresca-me os cabelos com um só toque de mão minha mãe vou estender a roupa podes continuar sentada neste leito onde todas as noites te espero sem dormir.
9 Março
As lágrimas vieram assim sem que eu fechasse os olhos deslizam rápidas e quentes em uníssono com os sinos da tua aldeia.
É uma manhã estranha de cinzento azul evento quanta chuva nos meus olhos
minha melhor amiga nem imaginas o que levaste de mim quando partiste...
12 Março
Liberto-me assim sem pensar no que escrevo palavras letras juntas como tu e eu éramos!
Agora, sinto-me perdida sem ti, nada faz sentido.
Então, uma necessidade brutal de te apertar contra o peito suave acordar ao som da tua voz quando sorrias para mim quando para mim vivias.
As lágrimas também são nó na garganta e no corpo e muito principalmente DOR na vontade de partir em busca de ti.
A água cai pau-sa-da-men-te numa humidade opressiva de cinzento quente.
É uma manhã estranha esta em que tento desesperadamente não te lembrar.
Mas como posso esquecer-te, se fazes parte de mim?
(Mãe, eu não te encontro por estares tão dentro de mim?!...)
Sinto-te a pele...
...E o meu corpo febril de espera de ti e do verão. Há cerejas murchas de tanta água salgada nos meus olhos sem cor.
A tua imagem recorta-se incerta na minha memória (tão certa que eu estou de ti e da tua partida se regresso).
Murcham as flores; que Primavera que dor que saudades de ti, mãe.
Penso-te em cascatas de lume. É um tempo estranho este de dor e paixão.
Lábios rubros sabor a maçãs verdes os anos e as árvores numa tentativa de Primavera precoce.
Em passos de dança rolam as lágrimas por entre nós até ti eu sinto-me tão só. Volta, por favor.
20 De Março
O fogo das lágrimas nos espelhos que não ousámos estilhaçar.
Lembro-te folha a folha leve agitar de árvores em verde de Primavera e perfume.
O canto do cisne na memória do lago maldito.
Era uma vez um jardim sem flores que eu roubo e distribuo com o olhar sempre que te penso.
É mais uma manhã de azul e gelo.
Tanta coisa por dizer.
Misturo as palavras com as lágrimas e já nem sei o que te diga.
Amo-te muito. É assim para sempre.
5 Março 1987
Rápida a sombra alegria breve nítido nulo...
...Invocação ao meu corpo nu assim o meu quarto despido de ti casa vazia silêncio estonteante.
que saudade de ti, mãe!
7 Março 1987
Mãe, tu és o Sol deste (meu Verão). deste e de todos.
A dor da tua partida
em saudade sempre adiada.
Madrugadas longas manhãs cinzentas (a terra seca de tanta água salgada a correr dentro do meu peito).
Sonho contigo numa espera febril e irreversível
MÃE DOR SAUDADE LUZ MUSICA FIM PRAIA SORRISO MAR OLHAR BEIJO AMIGA DISTÂNCIA SOL CINZENTO TEMPO MÃOS VENTO SAL LÁGRIMAS PEITO FERIDA NOITE SOLIDÃO SEMPRE SOLIDÃO SEM TI MÃE regressa porque eu não aguento a dor. Diário para minha mãe; 1987
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