
Rudimentos do Elementar
Data 07/05/2009 06:58:18 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| E porque a onda se afogou, um galo cantou para a noite ser, dois negros vaginais o meu falo engoliram, três pantufas aos meus pés, quatro mesas arrancaram a perna pirata, porque é preciso saber correr sobre fios de nylon, para fulminar relâmpagos.
Porque o ar se asfixiou, um tremor decapitou um cutelo, dois cisnes de Bari conduziram o trenó de Nicolau, três setas de Ávila abateram o fogo de Teresa, quatro saladas molotov bradaram ao cemitério voador porque é preciso arrancar asas aos anjos, para a cabidela dissecar o jejum.
E porque a chama se incinerou, um olho se golpeou ao meu espelho, dois violinos de Mytilene tocaram a harpa lésbica de Alcaeus, três pombas brancas voavam defuntas, quatro dedos vociferaram quartos sentidos, porque é preciso saber apontar à miragem, para que um diário tenha um orgasmo.
E porque a terra se enterrou, um borrão definiu uma mão, dois Adonais se analisaram falicamente, três teias em Turim fizeram um solário, quatro prepúcios excomungaram Saturno, porque é preciso amarrar prisões, para que os cadáveres caiam dos túmulos.
Para o uno verso.
© BM Resende
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