Não gosto de lixo

Data 08/05/2009 22:43:50 | Tópico: Textos

Prefiro bolhas de sabão e reitero a minha vontade de fazer saber que não gosto de bolas de cotão. De vez em quando, vejo uma a rebolar ao rés da parede, por ordem das correntes de ar que ligam a porta de entrada à janela do quarto dos fundos. Não é nada do outro mundo mas não gosto. Mostram que a porcaria se atrai e é solidária. Que a aglomeração cresce cada vez mais quando se areja a casa e se desloca... desloca-se, mexe-se, anda de um lado para o outro... preocupante não é? A porcaria mexe-se.
Transporto a imagem para parâmetros humanos, para os sítios que frequento e é chocante ver que o mesmo tipo de comportamento também acontece. Exactamente igual. A porcaria atrai-se e aglomera-se e, assim que sente que há abertura, movimenta-se no espaço, conspurcando o que é de todos. Por vezes são precisas mais do que bolhas de sabão, são mesmo precisas, enxurradas de água escaldante com lixívia para limpar o que cremos, ser o nosso espaço.
Infelizmente, é natural que assim aconteça, que o que é nojo conspurque o que é agradável... é inerente ao ser gente e, muito mais, ao ser muita gente. Cumpre-nos a função de “auto-a-dias”, de “auto-faxina”, por uma questão de saúde e disponibilidade mental, por uma questão de auto-crítica e noção do que é lícito, de bom senso e adequado ao espaço usado.
Embora tenha a noção de correr o risco de estar a pregar aos peixes, cumpre-me a obrigação, que também é necessidade, de escrever este pequeno ensaio... tudo por uma questão de sanidade e respeito pelo Luso.

Valdevinoxis


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