
o velho que morreu sem ver o mar
Data 12/05/2009 16:54:39 | Tópico: Poemas
| Velho como a serra que calcorreia, De perna bamba, às costas o cajado, Barba rala, nariz adunco, pele macerada Por companhia leva as ovelhas ao lado.
Suja e gasta presa nos finos ossos A carne que lhe resta entremeada na pele O velho caminha sem destino e sem lar Exaurido pelos anos que das narinas expele.
Barqueiro sem barco, nem jangada Em rio sem vida de margem estreita Sobe a serra em passo dolente Na busca de pasto e da paisagem perfeita
Nos olhos reflecte o verde dos montes Mas era o azul imenso que ele queria, Do grande rio sem margens, que lhe falam As gentes que dali saíram um dia.
Um rio imenso onde pastaria sonhos Perdido no alcance da margem inatingível. Lá onde o céu se une a esse rio Podia ser então o seu sonho possível
Ser menino outra vez e nos pés ter areia, Não a terra ingrata que nunca o soube amar, Morrer desfalecido na visão do azul, Do imenso azul do céu e do mar
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