Coisas da memória e do indivíduo

Data 12/05/2009 22:36:36 | Tópico: Poemas

Cadilhos
De pecadilhos
Cordeiros sarilhos
Deslanados filhos
Agarrados p’los fundilhos
Como gente medida
Com arremedos de decidida
Num vai e não vai sem ida nem vinda

Moldaram-se de reguada
Sem sombra de almofada,
Ou enchimento de fralda
Que trouxesse a nádega resguardada
Em termos que já foram.
São rosas que coram
Com espinhos que varam
Por memórias que se demoram
Atrás da testa que engelha.
Ora, que coisas de lembrança velha
Trazem estes pirilampos sem centelha
Que pululam nas frases nascidas
De vivências e outras partes vividas.
São, por certo, iluminuras arredondadas
Mais do que muito bem encaixilhadas
Por molduras francas e pesadas.

A pureza disto contrasta com as palmas
Que se organizam em aplauso sonoro
Como se só de águas suaves e calmas
Rezassem os feitos descompostos de decoro,
Como se só as usadas e amorfanhadas almas
Fossem capazes de chorar lembranças em coro.

MJMS



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