
silêncios
Data 18/05/2009 12:05:16 | Tópico: Poemas
| Segunda, 25 Junho 2007 às 12:14 No silêncio das cartas escritas Lidas no silêncio sem resposta Me afundei, sem tempo Que a vida urge destemperada De mim, de ti, de vós que sois Amigos, presentes ou distantes Parcos de palavras ou interessantes Que vêm sempre ou ficam apenas No porvir adiado dos instantes.
Vou partir que a terra é grande E me chama, voraz, nos negócios Feitos e por fazer que me nomeiam Para onde não há voz do éter Onde só os pássaros cantam E o silêncio se fará, inveterado Nas entrevistas que se farão Pródigas de dinheiro que corropia Esse dinheiro que abomino Mas que me traz o conforto físico Onde enjeito meus poemas Onde sepulto a alma faminta De Além sem mais espaço De fantasia sem mais luas.
Vou partir que me exige esta vida Que encontrei aqui sem medo Que me espanta nas esquinas urbanas Que me apascenta os sentidos Quando a atravessar na velocidade Que o alcatrão me conduz célere.
Sorrirei acordos acabados Libarei ao sucesso mercantilista E deixarei a alma no hotel Que dessa quero distância Quando os acordos se fazem Na cumplicidade dos lucros Nunca revelados no segredo Que é este paga e leva Da economia que se faz
Olharei o mar com melancolia Que não sou deste mundo mas preciso E nele enterrarei os meus sonhos Nele acorrentarei as utopias Nele ficarão para sempre os ideais Inconfessados e lúgubres e lindos Que deixarei para trás na lógica do lucro Que me alimenta esta fuga em frente Donde não saio com perdão Porque não me perdoo a infidelidade De não ser assim mas fazer Porque me constranjo sempre no contrato Onde me aponho em assinatura Que nada me diz mas que cumpro No ritual crítico que sempre se faz Quando esta alma se esconde E a vida vem calibrar a mente Na orgia da conta bancária Que crescerá indómita e fugaz.
Tirem-me daqui, vós que sonhais Que não me conheceis mas destilais De mim a palavra que se verte No grito de dizer não quero mas vou Porque nada mais resta que a luta Por sobreviver aqui devagar Na pressa de nunca voltar Porque os sonhos lá ficaram Do outro lado da consciência No silêncio contrafeito das opções Que me gastam e condenam.
|
|